terça-feira, 22 de maio de 2012

É a seca assolando o nordeste


É seca assolando o nordeste. Matando primeiro de fome, depois de sede. Primeiro o gado, depois a criança. É a seca que gera além do solo erodido, olhares perdidos. Aquele semblante de abandono, desamparo, desesperança. A tristeza do caboclo que não vê saída, nada vê além da plantação perdida, do açude seco, da imagem do adeus. É quando a família abandona o pouco que tem, êxodo do lar, êxodo do mundo conhecido, fuga para uma realidade que pode livrar da morte, mas não livra da marginalização. Um adeus triste, de quem vai cantando no coração a esperança de Luiz Gonzaga, de que quando o verde dos olhos da amada se espalharem na plantação, haverão de regressar e viver novamente ali no temor de uma nova seca, mas tendo um prazer que vem da essência nos tempos de fartura. 
É a vida determinada sazonalmente, não como os que faturam com safras recorde, para esses que não tem quase nada, a seca pode ser sim um algoz cruel. 
É a seca assolando o nordeste. São os políticos lucrando em programas de governo fantasmas, são latifundiários lucrando com o auxílio que deveria ajudar mais os pobres, é a desigualdade não só social, mas cultural, a desigualdade na educação de mãos dadas com a seca expulsando, maltratando, matando.

domingo, 13 de maio de 2012

Miséria Absoluta

É a vida na miséria absoluta
Onde não há dignidade
A fome cruel que dói e alucina
É a não educação
A desinformação
Falta de tudo, muito de nada
É a miséria absoluta, assolando aqui ao lado
Assaltando capacidades
Parasitando mentes e estômagos
É pobreza que irracionaliza
Onde humanos e outros animais são iguais
Compartilham água, alimento, a si.
A miséria absoluta parece doença endêmica, insidiosa aqui pelos trópicos
Acentuando-se ao nos aproximarmos da linha do Equador
Ela é como um algoz implacável
Fere, tortura e mata.
Quanto tempo ainda vedarão os olhos para essa realidade?
Quando ela se aproximar demais, pode ser tarde
Se não há dignidade na miséria absoluta,
Na abundância absoluta também não há compaixão.

Raissa Campos.