terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Riso, simples riso

Riso, simples riso
Somente riso
Assim gratuito, gostoso.
Sem mais, é a vida que é boa?
Uma memória engraçada?
Não importa, quando encaro esse teu sorriso
Há em mim uma saudade dos tempos bons
Quando tudo era fácil, os olhares mais ingênuos.
Riso, simples riso.
É tão rico de você que é o filme que levo em minha mente
Ele tem um quê de novidade, mesmo resultando de momentos antigos
Não precisa de mais nada esse teu sorriso
Basta ele para começar o dia
Basta ele para terminá-lo.
Risos, ah!, os sons do teus risos...
São como alarmes a despertar os meus
Contagiam a face tensa
Serão eternos na minha eternidade
Que sejam devotados à vida
E que ela se torne tão doce quanto eles.
Os tempos ruins são curtos e eles, os risos, são de fonte sem fim.
O teu riso, simples riso.
É o meu dia, todos os dias.

Raissa Campos.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Quanta confusão.

            Quanta confusão. Acho que reclamamos da vida adulta por causa disso, ela é uma tremenda confusão. As pessoas são tão complexas e estão tão perdidas que o colapso é quase inevitável. E lá se vão, pedaços ao chão, cacos de sentimentos, de coragem, de confiança, todos num mosaico doloroso. Daí, lembramo-nos dos tempos pueris, quando tudo era tão simples, e a vontade de crescer era motivo de felicidade a cada aniversário. Quando a gente cresce e se vê em meio a tanto desarranjo é que se tem saudades daqueles tempos ingênuos, fugacidade que nos faz rir sozinhos por alguns minutos, depois volta-se a realidade, aquela da confusão.
            Calma. Eu digo isso para mim mesma, reflita, relacione, tente compreender antes de mergulhar em parafuso no abismo dos porquês infinitos. A experiência, essa valiosa recompensa pelo tempo que passou, há de guiar-lhe intuitiva, desviando-a das armadilhas. Soa como um mantra, quando fecho os olhos e não encontro a saída. Entoado quantas vezes forem necessárias.
            Parar. Pode ser essa uma das necessidades para não se perder. Fechar o livro do qual você já leu três vezes o mesmo parágrafo e não absorveu nada, desligar a televisão, deixar o computador. Tempo para si, para entender-se.
            Planos. Quando se consegue organizar um pouco as ideias, a ansiedade diminui e as soluções passam a surgir. Isso não quer dizer que tudo vá se resolver, mas quer dizer que você está vencendo etapas desse caminho. No fim de tudo, é esperar pelas consequências das atitudes tomadas, refletir, entender e encará-las. 

Raissa Campos.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Paixão por paixão

         “Não se apaixone apenas pela ideia de estar apaixonado.”. Muito interessante a ordem, realmente há mais do que ideias nos sentimentos.  Estar apaixonado é tão bom que muitas vezes maquiamos a realidade para viver essa sensação. O ruim é que no final das contas vemos que isso não adianta. Sonhar com um passado florido, não faz do presente aquilo que um dia já foi. A realidade vai consumir a suas idealizações, e o pior, você acaba percebendo que perdeu tempo.
          Há muito fatalismo em minhas palavras, aceito. Esse negócio de “perdeu tempo” também não cola muito para mim, quem sabe que está perdendo tempo? Ora, se não fosse o tempo perdido, não haveria aprendizado, seja na arte do amor ou de qualquer outra coisa da vida. A gente tem que tropeçar, cair e levar as cicatrizes como recordação, experiência. “Não se apaixone apenas pela ideia de estar apaixonado”, é muito válida, ordem que vem muito a calhar para aqueles que já têm as suas cicatrizes e mesmo assim insistem no erro. Insistência nem sempre quer dizer que você lutou pelo amor ou por alguém, pode ser que seja apenas uma infantilidade sua, que as suas inseguranças estejam podando a sua evolução.
          Não vou dizer que é fácil, às vezes precisamos de uma ordem dessas vindo do nada e nos atingindo em cheio para voltarmos a realidade. A dádiva de sonhar pode ser, em algumas ocasiões,  nociva. Chamada a atenção, que caminhemos então, apaixonados ou não, sem viver de ilusões, sempre na expectativa de sentir aquele friozinho na barriga mais uma vez. 

Raissa Campos.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Pobres Para-brisas

         Daí que o para-brisa do meu carro foi lavado 4 vezes hoje. Não, não é TOC. Logo cedo, eu lavei para poder enxergar os caminhos tortuosos que me levam ao HGT, após isso, num trajeto entre o hospital, um restaurante, outro hospital e a minha casa ele foi lavado mais 3 vezes por flanelinhas, sem contar que hoje choveu! Todas as vezes eu fui pega de surpresa porque como estava tudo tão limpinho não imaginei que houvesse tamanha audácia. O primeiro encontrou um vidro limpo e não terminou de enxugar quando o sinal abriu, o segundo encontrou um ainda molhado do anterior e o deixou um pouco mais sujo (água do mar?), o terceiro limpador quase nem jogou água, foi interessante ouvir o barulho das pedrinhas acariciando o vidro e eu ali, todas vezes, depois de dar uma sinal de negativo ao ver o começo do trabalho, impossibilitada de qualquer ação, a não ser um sinal de legal no final.
          É a sociedade cobrando o preço da desigualdade. O fato é que somos reféns de pessoas que privatizaram ruas e sinais, que fazem um serviço pelo qual, na maioria das vezes, não pedimos e somos extorquidos a pagar. Quer dizer então que o flanelinha que diz vai “olhar” o meu carro, vai impedir que o arrombador leve o meu som ou o meu pneu de estepe? Isso não existe, e ainda temos que ouvir piadas quando o pagamento é pouco, piada que soa mais como uma ameaça. E é por esse motivo que de vez em quando que “pago” pelo serviço que não pedi, por medo. Somos pessoas marcadas, usamos os mesmos caminhos, nos mesmos horários, o temor é que me faz pagar desconhecidos que me abordam quando estou ali indefesa.
       Como falei anteriormente, não é um problema apenas de segurança pública, é um problema social. Ninguém sabe o que aquelas pessoas já passaram na vida, se tiveram oportunidade e tudo mais, dos vícios que sofrem, da fome, dos traumas que sofreram, mas não acredito que as minhas moedas curem isso, nem amenizem a minha frustação quanto as dores do próximo. O que me frustrou hoje, foi saber que sou refém daquilo que o sistema do qual faço parte criou, e que não é o medo de perder os frutos dele (sons, celulares, relógios..)  que me assusta e sim daquilo que ele não sabe construir, a minha paz.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Tudo ótimo?


         Tudo ótimo? Aprendi essa arguição com um colega nesse ano que passou. Soou-me tão bem aos ouvidos e o coração se fez tão surpreso com tal pergunta que aos poucos ela se tornou parte do meu arsenal de boas-vindas a pessoas mais íntimas. Quando alguém pergunta se tudo está ótimo com você ela não está apenas utilizando uma função fática qualquer, como se a resposta fosse totalmente dispensável, uma mera formalidade, é como se desejasse que tudo estivesse ótimo com você, como se aquilo fosse o esperado. É bonito. Parece uma bobagem, mas pare pra pensar, o quanto aquele “tudo bem?”, vazio, significa para você? É mera formalidade. Lógico que, assim como em toda língua, tudo depende de como se fala, mas falemos da praticidade do dia-a-dia, essa que tende a tornar as relações cada vez mais superficiais.
         Nesse mundo confuso, o remédio para angústia pessoal, pode ser isto, ter algo pessoal, sem a efemeridade dos conhecidos, ter a longevidade de uma verdadeira amizade. Muitas vezes precisamos “perder” uma tarde conversando amenidades com aquela amiga que está distante. O tempo passa estabanado e não espera que você acorde para as coisas que têm realmente significado para ir-se embora. E convenhamos, é um tanto quanto piegas eu passar 20 linhas do meu português tentando abrir os seus, os meus, olhos, na intenção de que valorizemos os pequenos gestos. A vida mesmo ensina, a gente é que demora a compreender, mas sempre esteve ali em demonstrações diárias, tão simples quanto um cumprimento. Tudo ótimo (Espero que esteja tudo ótimo com você, porque é assim que penso que esteja com uma pessoa especial e que merece, não que eu tenha o dom de determinar quem merece ou não, estar ótima na vida)? Tudo bem, toda essa divagação não ocorre toda vez que repito essa pergunta, seria num mínimo esquisito tamanha reflexão enquanto o outro responde, o que exponho aqui é o que está intrínseco, valorizemos então.