A
pediatria são as pernas trêmulas ao receber pela primeira vez o recém-nascido
no parto. São os olhos que se inundam de lágrimas ao mostrar a mãe o seu bem
mais precioso. É o medo de machucar, é se esquecer de tudo e mesmo assim ficar
com um sorriso no rosto. Nela, é tudo em miniatura e tão bonitinho, mas a
responsabilidade é a maior de todas. É gente que cabe na palma da mão, que
agarra com força o seu dedo e que você torce junto com a mãe para passar nos
testes neurológicos. São os primeiros passos e as primeiras palavras, eles e
nós mesmos descobrindo um mundo novo.
Minha
descrição não seria completa se não falasse do choro estridente, do dedinhos
velozes em direção à tomada, dos banhos de xixi e das gofadas no estetoscópio.
Tudo isso em nada tira a beleza dessa especialidade e em nada tira o brilho
dela quando quem atua é um profissional movido por amor e assim são os
pediatras.
Tem
mais, a pediatria é mais de uma especialidade, ela também é “Matertria”. Em
algumas consultas atende-se mais a mãe do que a criança. Entendemos a sua
aflição e suas lágrimas por não saber o que a criança sente ou por não poder
instantaneamente aplacar sua dor. Na verdade, essas atitudes são um sopro de
alívio por sabermos que aquela criança tem amor. Infelizmente esse sentimento
pode faltar para algumas crianças e a pediatria nos mostrou algumas, ainda que
poucas vezes, a face ignóbil do abandono e do abuso. Então nos resta lutar
contra tal absurdo e ter esperanças que dias melhores virão para esses pequenos
guerreiros.
Enfim,
a pediatria são descobertas a cada consulta, conhecemos até um pouco da mãe ou
pai latente que existe em nós. Depois de tudo que disse, fica bem claro que
pediatria é sedução, é que nem brigadeiro, impossível não gostar. Desperta a
vontade de ajudar e de cuidar, a felicidade por compartilhar de momentos tão
lindos e importantes, a certeza que ser médica é um sonho verdadeiro e que está
prestes a se realizar.
Raissa Campos.
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