Vai
ver é assim, a gente escolhe um caminho e paga o preço por ele. A vida no seu
universo de possibilidades propõe tanto que às vezes enxergo a minha tolice em
viver de sonhos, sendo a realidade tão ou mais bela que qualquer devaneio. Contudo
ela há de ser dura também, nos sonhos não sofremos e as dificuldades são
inexistentes. Dói, a vida dói. O preço que se paga por determinadas decisões
pode ser muito caro, mas não há como fugir dele, fugir é apenas uma forma de
tentar esquecer a dor, sem sucesso. Ainda bem que essa é só uma pequena parte
do universo de possibilidades, há a beleza do novo, do inesperado e até dos
erros e infortúnios tiramos boas lições, a experiência, uma valiosa
companheira. Hoje é um desses dias em que as amarras do comodismo e do medo se
soltam e eu consigo enxergar ao menos um palmo à minha frente, que da vida não
se sabe nada a não ser que o nosso livre arbítrio ainda é um meio de direcionar
as nossas forças e que também faz parte do processo de nos tornarmos no futuro
aquilo que queremos ser. Nesses dias, eu crio forças para lutar e observo que
as vitórias estão intimamente ligadas ao trabalho e ao empenho. É hora de fazer
escolhas e de arcar com as consequências, tem que ter coragem, muitas vezes
sair do ponto onde se está confortável não é fácil, mas se eu vislumbro minha
felicidade no fim do túnel, então tomo fôlego e é por esse caminho que vou.
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Tragando seus dias
À caminho de
casa ele joga o resto de cigarro fora. Prepara-se para acender outro. Não é o
bastante. São tantos problemas, a vida é tão complicada. Enche os pulmões da
fumaça nociva, a mente cheia de preocupações, prazos a cumprir, contas a pagar.
Uma nova tragada, os problemas não desapareceram, mas já não aperta mais
ansioso a direção como antes. O vidro está baixo, joga a fumaça fora, expele um
pouco de seus dias, a custo da tentativa de calar seus dilemas. Não é o
suficiente, nunca é o bastante. É o fim do primeiro maço, só a metade do dia.
Ainda tem que chegar em casa, ver a esposa, os filhos, às vezes queria não
tê-los, mas sabe que são a única coisa de valor que tem realmente. O estoque
acabou, deve comprar mais, depois do almoço? Não, agora. Vai tomar o cafezinho e
voltar ao trabalho já com um novo cigarro na mão. Esvair sua existência em
fumaça. A esposa reclama do cheiro, ele tosse. Almoça, o tempo é contado e os
cigarros aceleram o relógio da vida. Beija a esposa, dá adeus aos filhos. Pega
o maço, pega carteira. Volta, se esqueceu das chaves do carro. Acende mais um,
dessa vez esse não consome os dias comuns, esse maço de agora consome o dia em
que conheceria seus netos, os de antes já não o deixarão vê-los crescer.
Alimenta o monstro. O vício acalma os pensamentos e atiça o seu algoz antes silencioso
e que agora se comunica através de tosses e pigarros.
O
tempo passa. Mais um cigarro, menos alguns dias na conta da sua vida. Pensa em
parar, em tomar só o café, mas não é o
suficiente, nunca é o bastante. Acaba o
dia, traga as expectativas de um futuro já com idade avançada, descansando em
casa. Traga o beijo da esposa e a formatura dos filhos. Pensa em parar, hoje
não. Tosse. Já é noite, joga o resto de cigarro fora, abre o maço, acabou.
Compra outro, deve estar abastecido, vai fumar assim que acordar, para começar
o novo dia, para perder tantos outros.
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Enfim o Casamento
Haveria de ser assim
Os olhos verdes dela nos olhos
puxados dele
Os olhos negros dele nos olhos
amorosos dela.
Ainda bem que foi assim
Há vezes em que o amor vence e pronto.
Como quase tudo na vida, não foi
fácil.
Os olhos verdes e os negros
derramaram lágrimas
As bocas disseram adeus, mas foi
mesmo um até logo.
Até que fosse felicidade, companheirismo
e cumplicidade de novo.
As saudades se transformaram em votos
E hoje nos mostram o que há um muito
já eram
Um ser único, simbiótico.
Que bom que foi assim
Nesses momentos acreditamos em finais
felizes
Ou melhor, em começos e em uma vida
feliz.
Olhos verdes e negros com um só
sobrenome
Quem sabe daqui a pouco
Olhos verdes puxados ou olhos negros
amorosos.
Que assim seja, tudo de maravilhoso.
Tudo que a vida pode dar. Tudo amor.
Raissa
Campos.
sábado, 8 de setembro de 2012
A saga da impressora
Nesse
mundo moderno em que vivemos temos que nos adaptar ao novo e nem sempre isso é
fácil. São muitas tecnologias, a rapidez da informação e com melhorias que fazem
a nossa vida mais eficiente, mas também que podem custar alguns fios de cabelo
no processo de aceitação.
Esse é um
desabafo sobre a minha impressora. Poucos aparelhos eletrônicos já me deram
tanta dor de cabeça quanto as minhas impressoras. É sério, parecem saber, sentem
a energia de quando mais precisamos delas. É justamente nesse momento que aprontam.
Para elas serve aquele ditado de que você só conhecerá mesmo uma pessoa quando
der poder a ela. Dona do poder da impressão de documentos importantes,
trabalhos, artigos e etc, elas fazem verdadeiras peripécias! Uma engolida de
página, uma puxadinha básica de duas páginas que faz a impressão do final da
folha vir na seguinte, pane no drive do computador, desalinhamento, acaba a
tinta (se bem que ela avisava faz tempo), enfim, tortura. As impressoras são
muito temperamentais mesmo. Hoje eu tive que reinstalar a minha, daí eu me
pergunto, por que o número de série não pode estar ao lado do número do modelo?
Por que a pessoa tem que ficar virando a impressora, abrindo compartimentos
numa verdadeira caça aos números? É, eu perdi mesmo a paciência. Mas ela,
depois de muito se divertir comigo, agora já está funcionando, como se nada
tivesse acontecido, rindo da minha ignorância. A mim só me resta subjugar-me ao
seu poder e engolir as palavras de baixo calão que tenho vontade de proferir,
afinal, eu só quero mesmo é a paz de uma boa impressão.
domingo, 26 de agosto de 2012
Distâncias
E quando for embora, vai com aquele olhar...
Aquele de vontade combatida
Desejo reprimido
Imã forçosamente separado da matriz
As pernas teimando em prosseguir e todo o resto querendo ficar
E quando for embora, fico eu com meu olhar...
Perdido, ainda olhando, agora, para estranhos.
Ansiando por uma volta
Desejando buscá-lo ou ir-se contigo
Imã forçosamente separado da matriz
As pernas teimando em não obedecer à decisão de dar as costas
E quando voltas
Os olhares se procuram como imãs
E as pernas querem apressar obedecendo à vontade
Então é reencontro, é sede começando a ser saciada.
É desejo e são sorrisos
Quem sabe até algumas lágrimas
Já bate o medo da partida, logo ali na chegada.
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Almir
Existem pessoas que não passam
invisíveis pela vida. Elas marcam a vida de todos a sua volta, até daqueles que
não esperavam que ela estivesse tão enraizada em seus pensamentos. São pessoas
diferentes, um conselho aqui, uma conversa ali, muitas risadas e cá nos deixa
com essa saudade. Esse tipo de pessoa surge em nossas vidas e passa a ser um
querer estar perto, tem uma mania feia de ir embora assim de repente, muitas
vezes sem nem dar adeus, fica a lembrança do último sorriso. Ah, as lembranças...ficam as memórias gostosas, aquele dia em que ele fez isso, aquela piada que
todo mundo ri fácil até hoje. Engraçado, até hoje nos gera risadas, elas vem
acompanhadas que um suspiro intrometido, mas não deixam de ser risadas. Que
saudade. Há de confortar, aos que acreditam, que está num lugar melhor. Acho
mesmo que está aqui, não sei como, talvez naquilo que chamamos de coincidências
da vida, acaso. Fica a saudade do sorriso bonachão, da pessoa inteligente e amiga.
Muitos amigos, não por coleção, mas por conquista. Apesar da partida, já surgem
os novos, carregando o seu nome, quem sabe um pouco dele. Fica a vontade, vão-se
as lágrimas, nasce um sentimento de compreensão, haveria de ser assim. Há de ser então alegria, por todos os
momentos que podemos compartilhar de sua companhia e por sabermos que nunca o
esqueceremos, ele ainda está em nós. Feliz aniversário.
segunda-feira, 9 de julho de 2012
Às avós
Eis que nada se fez mais presente
em meus pensamentos hoje do que a tentativa de lembranças das minhas avós. Haja
vista o falecimento da avó de uns amigos, foram as mortes das minhas entes
queridas que não me deixaram em paz. Há sim em mim essa carência daquele amor
de avó, aquele que é pura admiração, bondoso e incondicional. Eu, órfã de avós,
tenho um sentimento especial pelas avós dos outros, não é por acaso que cativo
um sentimento vivo até por aquelas que há muito não vejo. Acho até que as avós
dos outros, no alto de sua sabedoria, sentem em mim essa ausência, e
aparentemente me dão uma atenção especial. Talvez eu queira ser especial para
elas, a netinha que vem passar as férias, com quem almoçam no domingo, com quem
relembram os tempos de outrora. Lembro-me
saudosa das lágrimas que a minha avó paterna sempre derramava quando íamos
embora, do abraço feliz de quando ainda criança me jogava nos braços frágeis de
avó materna. Quão sortudos são os que
têm as suas avós...as minhas são só lembrança, aquele cheiro de roupa passada,
cheiro bom que me dá um paz interior. Finalizo um pouco mais aliviada, nada
como uma dose terapêutica de exposição.
terça-feira, 22 de maio de 2012
É a seca assolando o nordeste
É seca
assolando o nordeste. Matando primeiro de fome, depois de sede. Primeiro o
gado, depois a criança. É a seca que gera além do solo erodido, olhares
perdidos. Aquele semblante de abandono, desamparo, desesperança. A tristeza do
caboclo que não vê saída, nada vê além da plantação perdida, do açude seco, da
imagem do adeus. É quando a família abandona o pouco que tem, êxodo do lar,
êxodo do mundo conhecido, fuga para uma realidade que pode livrar da morte, mas
não livra da marginalização. Um adeus triste, de quem vai cantando no coração a
esperança de Luiz Gonzaga, de que quando o verde dos olhos da amada se
espalharem na plantação, haverão de regressar e viver novamente ali no temor de
uma nova seca, mas tendo um prazer que vem da essência nos tempos de fartura.
É
a vida determinada sazonalmente, não como os que faturam com safras recorde,
para esses que não tem quase nada, a seca pode ser sim um algoz cruel.
É a seca
assolando o nordeste. São os políticos lucrando em programas de governo
fantasmas, são latifundiários lucrando com o auxílio que deveria ajudar mais os
pobres, é a desigualdade não só social, mas cultural, a desigualdade na
educação de mãos dadas com a seca expulsando, maltratando, matando.
domingo, 13 de maio de 2012
Miséria Absoluta
É a vida na miséria absoluta
Onde não há dignidade
A fome cruel que dói e alucina
É a não educação
A desinformação
Falta de tudo, muito de nada
É a miséria absoluta, assolando aqui ao lado
Assaltando capacidades
Parasitando mentes e estômagos
É pobreza que irracionaliza
Onde humanos e outros animais são iguais
Compartilham água, alimento, a si.
A miséria absoluta parece doença endêmica, insidiosa aqui
pelos trópicos
Acentuando-se ao nos aproximarmos da linha do Equador
Ela é como um algoz implacável
Fere, tortura e mata.
Quanto tempo ainda vedarão os olhos para essa realidade?
Quando ela se aproximar demais, pode ser tarde
Se não há dignidade na miséria absoluta,
Na abundância absoluta também não há compaixão.
Raissa Campos.
quinta-feira, 22 de março de 2012
Margarida
Perto
do semáforo do Hospital Universitário, estava Margarida. Vou chamá-la assim
para dar mais identidade a esse ser que nada tem de fictício. Tinha a pele negra,
cabelos rebeldes queimados do sol, não aparentava ter muita idade, apesar de
uma pele sofrida, marcada pela vida, marcas que deveriam ser mais profundas do que
aquelas que pude enxergar.
Margarida
estava visivelmente alterada. Fazia movimentos desconexos, olhos fixos no nada,
andava sem rumo. Estava num mundo diferente, de cores psicodélicas, de sons
absurdos, fruto do provável consumo de drogas. Atitudes como essas não eram
incomuns nos frequentadores daquele semáforo. Já não me surpreendiam, eu apenas
observava mais uma vítima. Não culpo Margarida pela sua fraqueza, há de ser
muito doloroso viver aquele tipo de realidade e deve ser ainda mais render-se
ao vício para lidar com ela. Talvez as cores vivas e aquela alegria, mesmo que
falsa, só existissem quando ela alimentava o vício. O mundo monocromático em
cinza de seus dias de fome, frio e abandono se esvaía naqueles momentos de
ilusão.
Pobre
Margarida. De que lhe vale a vida? Quem sabe até vende seu corpo. E o que é
dela realmente? Apenas a consciência da monocromia dos dias cinzas.
Adeus
Margarida. Espero vê-la novamente e em tempos melhores, pena que acredito que
isso não vá acontecer.
quinta-feira, 1 de março de 2012
Ingenuidade?
Outro dia,
alguém me dizia que na vida a gente aprende a esperar o pior das pessoas, que
inocentemente queremos acreditar que elas não são capazes de agir de má fé, até
que isso acontece. É a pura verdade, posso apostar que a maioria das pessoas já
sofreu esse tipo decepção por ser ingênuo. Isso não é só naquilo que envolve
dinheiro, até em se tratando de sentimentos temos avaliar bem a quem estamos
oferecendo a nossa paz.
As pessoas nos
decepcionam, isso é fato. É o político que só age por interesses próprios, o
mecânico que apenas troca a peça de lugar, o colega que não divulga informações
importantes, a esposa que mente. É óbvio também que não se deve entrar num
delírio persecutório, que todos estão contra você. Acontece que as pessoas não
são perfeitas e algumas além da imperfeição natural, subjugam a moral e a
ética. Quem vos fala não é um paladino destes conceitos, mas ao menos preza
muito por eles.
A questão é em
que grupo estamos? Vale ainda acreditar que o dinheiro pode comprar/gerar
conforto, beleza, poder, mas a boa índole, essa é genuína, não se curva ao vil
metal. Ingenuidade?
Raissa Campos.
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
Frases ImperFeitas
Você não é tudo para mim, mas é boa parte da minha felicidade.
Não fique triste pela falta de um discurso piegas, mais vale a verdade do que
frases feitas sem essência. Eu não sou louca por você, mas às vezes penso estar
a um passo da neurose quando me pego pensando em nada mais do que no seu
sorriso ao longo de todo o dia. Obviamente que vivo sem você, assim o fiz até
o dia que o conheci, mas com certeza os dias de minha vida não teriam o mesmo
colorido, o seu colorido. Eu não sei se o meu amor é infinito, mas ele não se
deixa mensurar, então considero que seja imensurável por mim. Também não sei se
os nossos destinos estavam traçados nas estrelas, mas sei que meu pensamento se
destina a você toda vez que olho para as estrelas. Você certamente não é o ar
que eu respiro, o que preenche meus pulmões não tem o seu toque, o seu cheiro,
a sua textura macia. Não pense que eu não sou romântica, na verdade tanto o sou
que acredito no que é real. Não és meu caminho, nem o meu amanhã, mas espero tê-lo
ao meu lado em cada pedaço de tempo ou de estrada que a vida me reservar. Posso
até ser sua de corpo e alma, mas não a sou em pensamentos, é bom assim, que a
liberdade nos faz desejar e ter vontade de ter companhia, a tua companhia. Que
tudo isso que sinto seja para sempre, para sempre que houver cumplicidade e
verdade. Acho que o sentimento a que lhe
dedico é a maior prova, silenciosa, ter a coragem de acreditar e se deixar vulnerável
é melhor do que qualquer palavra.
Raissa Campos.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
Riso, simples riso
Riso, simples riso
Somente riso
Assim gratuito, gostoso.
Sem mais, é a vida que é boa?
Uma memória engraçada?
Não importa, quando encaro esse teu sorriso
Há em mim uma saudade dos tempos bons
Quando tudo era fácil, os olhares mais ingênuos.
Riso, simples riso.
É tão rico de você que é o filme que levo em minha mente
Ele tem um quê de novidade, mesmo resultando de momentos antigos
Não precisa de mais nada esse teu sorriso
Basta ele para começar o dia
Basta ele para terminá-lo.
Risos, ah!, os sons do teus risos...
São como alarmes a despertar os meus
Contagiam a face tensa
Serão eternos na minha eternidade
Que sejam devotados à vida
E que ela se torne tão doce quanto eles.
Os tempos ruins são curtos e eles, os risos, são de fonte sem fim.
O teu riso, simples riso.
É o meu dia, todos os dias.
Somente riso
Assim gratuito, gostoso.
Sem mais, é a vida que é boa?
Uma memória engraçada?
Não importa, quando encaro esse teu sorriso
Há em mim uma saudade dos tempos bons
Quando tudo era fácil, os olhares mais ingênuos.
Riso, simples riso.
É tão rico de você que é o filme que levo em minha mente
Ele tem um quê de novidade, mesmo resultando de momentos antigos
Não precisa de mais nada esse teu sorriso
Basta ele para começar o dia
Basta ele para terminá-lo.
Risos, ah!, os sons do teus risos...
São como alarmes a despertar os meus
Contagiam a face tensa
Serão eternos na minha eternidade
Que sejam devotados à vida
E que ela se torne tão doce quanto eles.
Os tempos ruins são curtos e eles, os risos, são de fonte sem fim.
O teu riso, simples riso.
É o meu dia, todos os dias.
Raissa Campos.
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Quanta confusão.
Quanta confusão. Acho que reclamamos da vida adulta por causa disso, ela é uma tremenda confusão. As pessoas são tão complexas e estão tão perdidas que o colapso é quase inevitável. E lá se vão, pedaços ao chão, cacos de sentimentos, de coragem, de confiança, todos num mosaico doloroso. Daí, lembramo-nos dos tempos pueris, quando tudo era tão simples, e a vontade de crescer era motivo de felicidade a cada aniversário. Quando a gente cresce e se vê em meio a tanto desarranjo é que se tem saudades daqueles tempos ingênuos, fugacidade que nos faz rir sozinhos por alguns minutos, depois volta-se a realidade, aquela da confusão.
Calma. Eu digo isso para mim mesma, reflita, relacione, tente compreender antes de mergulhar em parafuso no abismo dos porquês infinitos. A experiência, essa valiosa recompensa pelo tempo que passou, há de guiar-lhe intuitiva, desviando-a das armadilhas. Soa como um mantra, quando fecho os olhos e não encontro a saída. Entoado quantas vezes forem necessárias.
Parar. Pode ser essa uma das necessidades para não se perder. Fechar o livro do qual você já leu três vezes o mesmo parágrafo e não absorveu nada, desligar a televisão, deixar o computador. Tempo para si, para entender-se.
Planos. Quando se consegue organizar um pouco as ideias, a ansiedade diminui e as soluções passam a surgir. Isso não quer dizer que tudo vá se resolver, mas quer dizer que você está vencendo etapas desse caminho. No fim de tudo, é esperar pelas consequências das atitudes tomadas, refletir, entender e encará-las.
Raissa Campos.
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
Paixão por paixão
“Não se apaixone apenas pela ideia de estar apaixonado.”. Muito interessante a ordem, realmente há mais do que ideias nos sentimentos. Estar apaixonado é tão bom que muitas vezes maquiamos a realidade para viver essa sensação. O ruim é que no final das contas vemos que isso não adianta. Sonhar com um passado florido, não faz do presente aquilo que um dia já foi. A realidade vai consumir a suas idealizações, e o pior, você acaba percebendo que perdeu tempo.
Há muito fatalismo em minhas palavras, aceito. Esse negócio de “perdeu tempo” também não cola muito para mim, quem sabe que está perdendo tempo? Ora, se não fosse o tempo perdido, não haveria aprendizado, seja na arte do amor ou de qualquer outra coisa da vida. A gente tem que tropeçar, cair e levar as cicatrizes como recordação, experiência. “Não se apaixone apenas pela ideia de estar apaixonado”, é muito válida, ordem que vem muito a calhar para aqueles que já têm as suas cicatrizes e mesmo assim insistem no erro. Insistência nem sempre quer dizer que você lutou pelo amor ou por alguém, pode ser que seja apenas uma infantilidade sua, que as suas inseguranças estejam podando a sua evolução.
Não vou dizer que é fácil, às vezes precisamos de uma ordem dessas vindo do nada e nos atingindo em cheio para voltarmos a realidade. A dádiva de sonhar pode ser, em algumas ocasiões, nociva. Chamada a atenção, que caminhemos então, apaixonados ou não, sem viver de ilusões, sempre na expectativa de sentir aquele friozinho na barriga mais uma vez.
Raissa Campos.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Pobres Para-brisas
Daí que o para-brisa do meu carro foi lavado 4 vezes hoje. Não, não é TOC. Logo cedo, eu lavei para poder enxergar os caminhos tortuosos que me levam ao HGT, após isso, num trajeto entre o hospital, um restaurante, outro hospital e a minha casa ele foi lavado mais 3 vezes por flanelinhas, sem contar que hoje choveu! Todas as vezes eu fui pega de surpresa porque como estava tudo tão limpinho não imaginei que houvesse tamanha audácia. O primeiro encontrou um vidro limpo e não terminou de enxugar quando o sinal abriu, o segundo encontrou um ainda molhado do anterior e o deixou um pouco mais sujo (água do mar?), o terceiro limpador quase nem jogou água, foi interessante ouvir o barulho das pedrinhas acariciando o vidro e eu ali, todas vezes, depois de dar uma sinal de negativo ao ver o começo do trabalho, impossibilitada de qualquer ação, a não ser um sinal de legal no final.
É a sociedade cobrando o preço da desigualdade. O fato é que somos reféns de pessoas que privatizaram ruas e sinais, que fazem um serviço pelo qual, na maioria das vezes, não pedimos e somos extorquidos a pagar. Quer dizer então que o flanelinha que diz vai “olhar” o meu carro, vai impedir que o arrombador leve o meu som ou o meu pneu de estepe? Isso não existe, e ainda temos que ouvir piadas quando o pagamento é pouco, piada que soa mais como uma ameaça. E é por esse motivo que de vez em quando que “pago” pelo serviço que não pedi, por medo. Somos pessoas marcadas, usamos os mesmos caminhos, nos mesmos horários, o temor é que me faz pagar desconhecidos que me abordam quando estou ali indefesa.
Como falei anteriormente, não é um problema apenas de segurança pública, é um problema social. Ninguém sabe o que aquelas pessoas já passaram na vida, se tiveram oportunidade e tudo mais, dos vícios que sofrem, da fome, dos traumas que sofreram, mas não acredito que as minhas moedas curem isso, nem amenizem a minha frustação quanto as dores do próximo. O que me frustrou hoje, foi saber que sou refém daquilo que o sistema do qual faço parte criou, e que não é o medo de perder os frutos dele (sons, celulares, relógios..) que me assusta e sim daquilo que ele não sabe construir, a minha paz.
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
Tudo ótimo?
Tudo ótimo? Aprendi essa arguição com um colega nesse ano que passou. Soou-me tão bem
aos ouvidos e o coração se fez tão surpreso com tal pergunta que aos poucos ela
se tornou parte do meu arsenal de boas-vindas a pessoas mais íntimas. Quando
alguém pergunta se tudo está ótimo com você ela não está apenas utilizando uma função
fática qualquer, como se a resposta fosse totalmente dispensável, uma mera
formalidade, é como se desejasse que tudo estivesse ótimo com você, como se aquilo
fosse o esperado. É bonito. Parece uma bobagem, mas pare pra pensar, o quanto
aquele “tudo bem?”, vazio, significa para você? É mera formalidade. Lógico que,
assim como em toda língua, tudo depende de como se fala, mas falemos da
praticidade do dia-a-dia, essa que tende a tornar as relações cada vez mais
superficiais.
Nesse
mundo confuso, o remédio para angústia pessoal, pode ser isto, ter algo pessoal,
sem a efemeridade dos conhecidos, ter a longevidade de uma verdadeira amizade. Muitas vezes precisamos “perder” uma tarde
conversando amenidades com aquela amiga que está distante. O tempo passa
estabanado e não espera que você acorde para as coisas que têm realmente
significado para ir-se embora. E convenhamos, é um tanto quanto piegas eu
passar 20 linhas do meu português tentando abrir os seus, os meus, olhos, na
intenção de que valorizemos os pequenos gestos. A vida mesmo ensina, a gente é que
demora a compreender, mas sempre esteve ali em demonstrações diárias, tão
simples quanto um cumprimento. Tudo ótimo (Espero que esteja tudo
ótimo com você, porque é assim que penso que esteja com uma pessoa especial e
que merece, não que eu tenha o dom de determinar quem merece ou não, estar
ótima na vida)? Tudo bem, toda essa divagação não ocorre toda vez que repito
essa pergunta, seria num mínimo esquisito tamanha reflexão enquanto o outro responde,
o que exponho aqui é o que está intrínseco, valorizemos então.
Assinar:
Postagens (Atom)